Abandono de Incapaz: o Que é e Quais as Consequências

Abandono de Incapaz: o Que é e Quais as Consequências

22/07/2022

10 min de leitura

Atualizado em

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O abandono de incapaz ocorre quando uma pessoa responsável deixa, sem proteção ou cuidados, alguém que não pode se defender devido à idade, doença ou deficiência, colocando sua vida ou saúde em risco. É crime previsto no Código Penal brasileiro.

O abandono de incapaz é um crime previsto no Código Penal que ocorre quando alguém falha em prover os cuidados essenciais a uma pessoa incapaz de se cuidar, o que pode expô-la a riscos ou danos à sua integridade física e psicológica.

Neste artigo, debateremos sobre o que diz a lei sobre o abandono de incapaz, suas modalidades e consequências.

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O que diz a lei?

O artigo 133 do Código Penal Brasileiro, estabelece:

Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:

Pena – detenção, de seis meses a três anos.

§ 1º – Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena – reclusão, de um a cinco anos.

§ 2º – Se resulta a morte:

Pena – reclusão, de quatro a doze anos.

Aumento de pena

§ 3º – As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:

I – Se o abandono ocorre em lugar ermo;

II – Se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima;

III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.

A lei é clara ao definir os atos que configuram o abandono, assim como suas consequências e punições. Nos próximos tópicos, abordaremos cada uma dessas características para esclarecer o significado da legislação e suas aplicações.

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Quais são os elementos necessários para caracterizar o crime de abandono de incapaz?

Para caracterizar o crime de abandono de incapaz, conforme o Art. 133 do Código Penal Brasileiro, é necessário que alguns elementos sejam observados:

Ato de abandono: o agente deve abandonar uma pessoa que está sob sua responsabilidade (cuidado, guarda, vigilância ou autoridade), e essa pessoa deve ser incapaz de defender-se dos riscos advindos desse abandono.

Concretização do perigo: é preciso demonstrar que o incapaz esteve efetivamente ameaçado por riscos reais decorrentes do abandono.

Capacidade da vítima: a vítima deve ser incapaz de se proteger sozinha, seja por questões de idade, saúde física ou mental.

Agravantes: as penas são aumentadas em um terço nos casos em que o abandono ocorre em lugar ermo, quando o agente é parente próximo (ascendente, descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador), ou se a vítima tiver mais de 60 anos.

A pena inicial prevista é de detenção de seis meses a três anos, podendo ser agravada se resultar em lesão corporal grave (um a cinco anos de reclusão) ou morte (quatro a doze anos de reclusão). Além disso, é importante não confundir o abandono de incapaz com o crime de exposição ou abandono de recém-nascido (art. 134), que envolve um motivo específico: ocultar desonra própria.

Como denunciar casos de abandono de incapaz e quais são os procedimentos legais?

Para denunciar casos de abandono de incapaz no Brasil, é importante seguir os procedimentos legais adequados, que envolvem a comunicação às autoridades competentes para que possam tomar as devidas providências.

Como denunciar:

  • Delegacia de Polícia: A denúncia pode ser feita em qualquer delegacia de polícia. A pessoa pode apresentar um boletim de ocorrência relatando a situação de abandono.
  • Disque 100: É um serviço nacional de atendimento que recebe denúncias de violação de direitos humanos, incluindo abandono de incapaz. A ligação é gratuita e pode ser anônima.
  • Conselho Tutelar: Caso a vítima seja uma criança ou adolescente, o Conselho Tutelar deve ser acionado para avaliar a situação e tomar medidas de proteção.
  • Ministério Público: Denúncias também podem ser encaminhadas diretamente ao Ministério Público, que pode abrir uma investigação e tomar providências judiciais.
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Documentação necessária:

  • Provas: É importante reunir o máximo de provas, como fotos, vídeos, depoimentos de testemunhas e qualquer outro documento que comprove a situação de abandono.
  • Identificação da vítima: Documentos que comprovem a incapacidade da pessoa (certidão de nascimento, laudos médicos, etc.) também são úteis no processo de investigação.

Procedimentos legais:

A investigação sobre abandono de incapaz começa após denúncia, conduzida pela polícia ou Ministério Público. Se a vítima estiver em risco, medidas protetivas, como acolhimento institucional, podem ser implementadas.

O crime, previsto no artigo 133 do Código Penal, leva ao indiciamento e ao processo penal se houver indícios. Se condenado, o responsável pode enfrentar pena de detenção de 6 meses a 3 anos, aumentando em casos de lesão grave ou morte.

Quais são os agravantes no crime de abandono de incapaz?

Os agravantes no crime de abandono de incapaz estão previstos no § 3º do art. 133 do Código Penal. Segundo o artigo, as penas para esse crime aumentam em um terço se:

O abandono ocorre em lugar ermo (local desabitado ou deserto).

O agente é parente próximo da vítima, como ascendente, descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador.

A vítima é maior de 60 anos.

Esses agravantes refletem a maior vulnerabilidade da vítima e o maior grau de responsabilidade do agente.

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Como o sistema judiciário trata os casos de abandono de incapaz no Brasil?

No Brasil, o sistema judiciário trata os casos de abandono de incapaz com base nas disposições do Código Penal, como já dito anteriormente, no art. 133, que define o crime e as penas aplicáveis. O tratamento judicial segue um processo que envolve a análise de vários aspectos do caso, como:

1. Investigação e denúncia: Qualquer pessoa com conhecimento do abandono, como vizinhos, parentes ou instituições como o Conselho Tutelar, pode fazer a denúncia. A investigação é normalmente realizada pela polícia civil, que coleta provas e ouve testemunhas para verificar o abandono e o risco enfrentado pelo incapaz.

2. Tipificação do crime: O Ministério Público é responsável por oferecer a denúncia formal ao juiz, tipificando o crime com base nas circunstâncias do caso e nas provas coletadas. A denúncia considera se o abandono gerou lesões graves ou morte, o que pode aumentar a pena.

3. Responsabilidade do agente: Durante o processo, o juiz analisa a responsabilidade da pessoa acusada, que deve ter uma relação de cuidado ou autoridade sobre a vítima, como pai, mãe, tutor ou curador. Também é considerada a condição da vítima como incapaz de se defender, devido à idade avançada, deficiência física ou mental.

4. Julgamento e aplicação da pena: Se comprovada a responsabilidade do réu, o juiz aplica a pena conforme as circunstâncias do caso, levando em conta fatores como os agravantes (abandonar em local ermo, vítima maior de 60 anos, ou parentesco próximo) e o resultado do abandono (lesão corporal grave ou morte).

5. Proteção da vítima: O sistema também se preocupa com a proteção do incapaz abandonado, a vítima pode ser encaminhada a instituições de amparo, como abrigos ou casas de acolhimento, se não houver familiares capazes de assumir sua guarda. Em casos envolvendo idosos ou menores, o Conselho Tutelar ou o Ministério Público podem acompanhar a situação da vítima.

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As diferentes noções do “indivíduo incapaz”

No que diz respeito ao crime de abandono de incapaz, não se pode pensar apenas na capacidade civil, tipicamente atribuída aos maiores de idade e sem condições de saúde que impeçam o exercício de sua capacidade.

Como o próprio texto legal define, o crime ocorre no abandono daquele que é “incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono” em questão. Trata-se de uma definição mais ampla de incapacidade, pois diz respeito aos meios que um indivíduo tem para enfrentar os riscos potenciais da situação em que se encontra.

As responsabilidades sobre o incapaz

Outro aspecto interessante sobre o texto legal é a definição dos verbos do caput. Fala-se em abandonar “pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade”. Isso torna imediatamente claro que não são apenas aqueles que têm a guarda legal de outra pessoa que podem ser responsabilizados pelo abandono.

Até mesmo o cuidado ou a autoridade sobre outra pessoa são elencados como uma situação de dever de não abandono. Isso significa que o crime de abandono é praticado a partir de uma relação de dependência que pode ser momentânea e não definida em lei, ao contrário do que muitas pessoas pensam.

A culpa, o dolo e o dolo eventual

O abandono de incapaz é um crime que pode ser praticado com culpa, dolo ou dolo eventual.

Culpa é quando um crime é praticado por imprudência, negligência ou imperícia, ou seja, sem a intenção e sem o conhecimento dos possíveis danos de sua atitude. É o exemplo de uma pessoa que deixa uma criança dentro do carro enquanto faz compras, sem perceber que o aumento da temperatura colocaria sua saúde em risco.

Dolo, por sua vez, refere-se à intenção de gerar o abandono. Já o dolo eventual é quando a pessoa não deseja o resultado ocorrido, mas conhecia os riscos e, ao tomar a decisão de realizar a ação que realizou, assumiu que estes riscos poderiam ocorrer.

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Excludentes de ilicitude e previsões de perdão judicial

A definição de abandono de incapaz não é absoluta e deve ser avaliada contextualmente, conforme o Código Penal. 

Uma situação típica relacionada ao abandono de incapaz é mencionada no quinto parágrafo do artigo 121 do Código Penal, que permite ao juiz não aplicar pena em casos de homicídio culposo se as consequências da infração atingirem o agente de maneira tão severa que a sanção penal se torne desnecessária. Casos de abandono são frequentemente utilizados para ilustrar esse dispositivo.

Por exemplo, se uma mãe, sem intenção, causar lesões graves ao filho devido a um abandono involuntário, o juiz pode considerar o sofrimento que ela já enfrenta e optar pelo perdão judicial, avaliando que a punição penal adicional não seria necessária.

Como atua um advogado em casos de abandono de incapaz?

A atuação de um escritório de advocacia especializado em casos de abandono de incapaz pode ser dividida em duas formas de atuação. De um lado, há a atuação na defesa de uma pessoa que enfrenta a acusação de abandono de incapaz.

Do outro lado da questão, o escritório pode atuar em benefício do incapaz, normalmente a partir da ação de uma pessoa próxima. Neste caso, busca-se evidenciar o abandono e encontrar soluções que garantam uma qualidade de vida adequada para aquele indivíduo.

Quais são as possíveis defesas para quem é acusado de abandono de incapaz?


A falta de dolo (intenção), a impossibilidade de evitar o abandono ou a ausência de risco concreto à vítima podem ser alegadas como defesa.

Quem pode ser responsabilizado pelo crime de abandono de incapaz?

Pessoas que têm a responsabilidade de cuidado, guarda, vigilância ou autoridade sobre o incapaz, como pais, tutores ou curadores.

O que é considerado abandono de incapaz no Código Penal?

Abandonar uma pessoa que não pode se defender dos riscos do abandono, estando sob a responsabilidade do agente.

Abandono de incapaz pode resultar em prisão?

Sim, a pena pode variar de seis meses a três anos de detenção, podendo ser agravada em casos específicos.

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Conclusão

O abandono de incapaz é um tema complexo que exige uma análise cuidadosa e contextualizada.

Se você se encontra na situação de um responsável acusado de abandono ou, ao contrário, se é um familiar ou defensor de um incapaz que precisa de proteção, nossa equipe de advogados está pronta para oferecer orientação e suporte. Com uma abordagem humanizada e expertise jurídica, garantimos que cada caso seja tratado com a seriedade e atenção que merece. 

Entre em contato conosco para discutir como podemos ajudar a proteger seus direitos e interesses. pode não se dar apenas sobre o incapaz abandonado, mas para todos os outros sob sua guarda.

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Autor
Galvão & Silva Advocacia

Artigo escrito por advogados especialistas do escritório Galvão & Silva Advocacia. Inscrita no CNPJ 22.889.244/0001-00 e Registro OAB/DF 2609/15. Conheça nossos autores.

Revisor
Daniel Ângelo Luiz da Silva

Advogado sócio fundador do escritório Galvão & Silva Advocacia, formado pela Universidade Processus em Brasília inscrito na OAB/DF sob o número 54.608, professor, escritor e palestrante de diversos temas relacionado ao direito brasileiro.

6 comentários para "Abandono de Incapaz: o Que é e Quais as Consequências"
  1. Amauri disse:

    Tenho 74 anos.minha companheira de 59 tem doença mental.se eu me separar, tenho união estável, quem seriam os responsáveis por ela.Temos 1 filha e ela tem 3 irmãs.

    1. Galvão & Silva disse:

      Olá Amauri, precisamos entender melhor o caso detalhadamente. Entre em contato com o nosso time de especialistas através do link! https://www.galvaoesilva.com/contato

  2. Gilmara Oliveira disse:

    A minha mãe esta sendo abandonada pelos filhos
    Eu cuido dela
    Mas preciso de ajuda
    Só que ninguém quer ajudar
    Como posso recorrer na justiça

    1. Galvão & Silva disse:

      Agradecemos o contato Gilmara!
      Temos advogados especialistas que podem auxiliar em sua demanda, clicando aqui.

  3. IEDA ALENCAR PEREIRA disse:

    Bom dia gostei muito dessa matéria

    1. Galvão & Silva disse:

      Bom dia Ieda! Ficamos muito contentes que tenha apreciado a matéria.

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